Juliana Ramos do Nascimento
Marcela de Melo Cordeiro Eulálio
Tem-se visto que nos últimos anos a educação brasileira recebeu “atenção especial” por parte dos órgãos públicos tanto nacionais quanto internacionais. Estes criaram programas educacionais que incentivam a edu
cação básica — merenda escolar, bolsa família, PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) — e exames avaliativos que pretendem medir os resultados da educação básica em relação à capacidade leitora dos alunos que são submetidos a tais exames, sendo eles: o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), SAEB (Sistema de Avaliação da educação Básica) e o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) — criado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é uma organização global cujo objetivo é auxiliar os governos membros no desenvolvimento de melhorias políticas nas áreas econômicas e sociais.

No entanto, algo parece não estar dando certo, pois os resultados verificados nestes exames ainda não são satisfatórios, configurando nossos alunos em um nível de leitura altamente insuficiente para a leitura cidadã numa sociedade urbana e globalizada, altamente letrada, como a atual. E os programas criados pelos órgãos públicos incentivam o acesso, mas não garantem uma aprendizagem qualitativa.
Um dos objetivos principais da escola é justamente possibilitar que seus alunos possam participar das várias práticas sociais que se utilizam da leitura e escrita (letramentos) na vida da cidade, de maneira ética, critica e democrática, priorizando a educação lingüística (ROJO, 2009). Os resultados mostram que na escola somente poucas e as mais básicas das capacidades leitoras têm sido ensinadas, avaliadas e cobradas.
Na realidade, os processos avaliativos estão mais preocupados com o imediatismo em relação aos investimentos, do que com a qualidade do ensino a que são sujeitos nossos educandos.
É necessário um verdadeiro comprometimento com a educação, tanto por parte do poder público quanto dos professores, alunos e a família.
Não podemos negar que os programas governamentais oferecidos investem na educação, porém os mesmos também põem outros ideais em questão. Este é o caso do bolsa família, por exemplo, em que para se ter o benefício, o jovem deve estar na escola sendo avaliado apenas a freqüência e não o rendimento escolar, funciona basicamente como um sistema de “trocas”, ou seja, o aluno contribui com sua presença na escola e o governo com o dinheiro, desse modo ele vai para a escola em muitos casos “obrigado” e não motivado.
Esta motivação deve surgir no ambiente familiar, nas condições de organização e estruturação das escolas, por professores que tenham boa formação e estejam minimamente satisfeitos com sua profissão, sendo eles educadores que se considerem inacabados (PAULO FREIRE, 1996) para que busquem ampliar seus conhecimentos com o objetivo de suprir novas demandas juntamente com seus educandos, sem falar também na necessidade de valorização da profissão em relação ao prestígio social – que ultimamente encontra-se em decadência – e a remuneração insuficiente.
Investir na educação não é simplesmente disponibilizar benefícios, nos quais priorizem a quantidade do alunado, mas a qualidade do ensino que forma um aluno crítico. É preciso que a educação se transforme em prioridade nacional.
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