Willy N. Silva
A escola não tem conduzido de maneira satisfatória o indivíduo (aluno) a uma formação cidadã, com condições de ensino condizentes às exigências do mundo atual em que estamos inseridos. O desinteresse do alunado, a não-permanência na sala de aula, dentre outros agentes para o insucesso escolar no Brasil, é responsabilidade, de certa forma, não apenas da própria instituição, mas da sociedade como um todo. Tomando o pensamento de que a educação é a base de uma sociedade bem-estruturada, o que deve ser feito em prol do desenvolvimento desta educação? Ou, como é de costume apelar aos nossos representantes políticos – embora quase sempre sem respostas – como os órgãos públicos educacionais podem contribuir para tal progresso escolar?
Alguns programas de apoio a educação já foram criados por esses órgãos, como o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), que distribui livros gratuitamente para alunos e escolas dos ensinos fundamental I e II – e também para escolas de ensino médio, o PNLEM (Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio); a merenda escolar – uma tentativa de conquistar os alunos pelo estômago; e os exaltados Bolsa Família e ProUni (Programa Universidade Para Todos): o primeiro financia o ócio de pais que vêem nos filhos um cartão de débito governamental, o segundo aplica dinheiro dos cofres públicos na iniciativa privada. Além de outras formas de “auxílio” à educação, como o sistema de cotas para negros ou para estudantes de baixa renda – que mais parece uma maneira “politicamente correta” de apartheid contemporâneo. Boas intenções ou piadas? Não se sabe, mas diversos sistemas de avaliação da educação básica vêm mostrando que as capacidades leitoras de nossos alunos não atendem às expectativas de real progresso educacional. Dentre esses os nacionais: ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica); e o internacional PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).
Como mostra ROJO (2009), tais processos avaliativos ilustram e ineficácia das políticas escolares vigentes na sociedade brasileira – não apenas a rede pública de ensino, mas o “Olimpo” educacional das escolas privadas também. Por exemplo, o resultado obtido na média geral da prova de redação do ENEM/2001 que foi de 52,58 em 100. E que em 2007 ascendeu para 55,99 em 100 – grande ascensão de 3,41 em seis anos.
No relatório do PISA 2000, os alunos brasileiros foram os que obtiveram os piores resultados nas capacidades de leitura entre os 32 países participantes.
Os dados do SAEB/2001 atestam que 32,11% dos alunos de 3ª série do ensino médio que realizaram o exame encontravam-se num nível de leitura caracterizada por capacidades leitoras simplistas, como “localizar informações implícitas e explícitas, inferir o sentido de palavras e expressões de maior complexidade levando-se em conta o grau de abstração” etc.; não fazem uma leitura crítica do texto.
Todos esses dados refletem como anda – ou não – o ensino da base no Brasil; e que as iniciativas dos órgãos públicos educacionais apresentadas não estão trazendo mudanças efetivas para a instituição escolar.
O fato é que nunca foi dada a educação a atenção merecida. Sempre tratada com o desdém comercial de profissionalizar – não formar cidadãos críticos e sim peças compatíveis a grande máquina de produção capital, mercado de trabalho – a escola perdeu, a muito, o papel de segunda casa do aluno. E pior, ainda não foi percebido tamanho poder ideológico que a instituição exerce na mente deste. Com todo pragmatismo do século XXI, ela (a escola) tornou-se um estorvo para os já exaustos alunos. Para que “decorar” as capitanias hereditárias e saber que as minhocas são hermafroditas?
Embora todo o conhecimento adquirido na escola seja necessário – e muito – os modelos de ensino de nossa sociedade devem equiparar-se mais com uma visão paulo-freiriana de formar cidadãos críticos – não uma visão “george-bushiana” de ser mais um tijolo no muro.
E que tipos de melhorias ou programas os órgãos públicos educacionais podem oferecer para a educação básica?
Poderiam começar devolvendo o dinheiro do ProUni às instituições públicas – nosso por direito – e parar a distribuição de Bolsas “ócio”. Depois começar um programa de inserção de disciplinas de caráter sociocultural e crítico em toda rede de ensino, como: Política, Sociologia, Antropologia e Filosofia – o ensino de educação religiosa direcionado ao cristianismo propriamente é um insulto a liberdade de expressão cultural e ideológica de cada um, tornando-se, pois inútil; igreja e escola são instituições distintas. Outra coisa: distribuir livros gratuitamente não é incentivo a leitura, parar de encarar o texto como mero objeto de estudo da gramática sim. E por ultimo, e mais importante, começar a considerar o aluno em sua heterogeneidade pessoal, não como o “futuro empresário” ou “futuro médico” que todos pretendem que seja. Com tais reformas nas políticas escolares, estas deixariam de ser piadas nos resultados dos exames de avaliação educacional – piadas maiores.
Um comentário:
muitooooo,bom,se todos começase a pençar desta forma certa mente mudaria a concepsão do que e educação para todos,que falta nos faz paulo freire e seus pensamentos filosofico atuais.adorei,parabem.
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